sexta-feira, 29 de abril de 2011


"Mutirão: infantaria amorosa" compreende um conjunto de ações, uma cooperação entre amig@s cujo objetivo é promover o fomento - produção e distribuição - de uma livre iniciativa artística; nascido da busca por um desvio que contribua para o enfrentamento dos atuais modos de raciocínio/produção que tanto dificultam o desenvolvimento de processos criativos.

É também um profícuo suspirar, uma vontade amorosa de mudar o mundo através da possibilidade de construir um jeito diferente de produzir, consumir e repartir riqueza econômico-cultural, fundado na confiança coletiva e centrado na relevância e na legitimidade do ser criativo, e não do capital por ele produzido. O que desejamos é surpreender! Assim sendo, hasteamos a bandeira da ousadia e, servirdos de nossos próprios impulsos temos a certeza de que o eu-pensamento de uma singularidade social ativa - gestado por intensa vivência -, fecunda e faz nascer profundos valores criativos. Estamos fundamentalmente falando de valores para a construção de um projeto estético/ético/social de mundo onde aquele que habita o planeta terra, o insondável do universo e o direito a diferença são os elementos centrais. 

Além disso, preconizamos o intento do trabalho como um meio para a vida e não a vida como meio para o trabalho. Insultamos a exploração do outro (seja ele animal, vegetal ou mineral), a competição, a repressão e o desejo de tirar vantagens. Afirmamos a emergência de singularidades sociais ativas, ou melhor, a alforria das humanidades que trabalham como sujeitos históricos.

Ao final desta carta de amor e de princípios, "Mutirão: infantaria amorosa" é um convite a metamorfose que constrói o novo; a composição do mundo a partir de ações coletivas, fruto da união de singularidades humanas com o intuito de partilhar a movimentação, o balanço necessário para a geração de outra vida social, o desejo de alteridade e a conquista da liberdade criativa. 

Nada posto, devemos dizer que carregamos indagações, questões que nos mobilizam:

Será que limitamos a produção cultural à uma categoria meramente financeira?

Será que estamos subestimando a capacidade da cultura enquanto uma matriz produtora de novas éticas e nova sociabilidade?

Será que a crença num tempo instantâneo - "modus vivendis capitalista" - nos retirou ou retira a possibilidade de refletir sobre o desenvolvimento e a produção dos sistemas de trocas (econômicas, políticas, culturais, sociais), e desta forma, não teria nos conduzido ao papel de meros espectadores de nossa existência?

Será que nossa passividade diante das instituições - tanto no setor público quanto no privado - não é responsável pelo empobrecimento da cultura humana?

Será que não compete a cada subjetividade respeitar, fomentar, concretizar e valorizar as diversas expressões culturais e os seus criadores?

Será que cada singularidade - coletivamente - não tem o direito à livre iniciativa artística e à adoção de todas as providências a garantir o efetivo exercício do direito a expressão de sua criatividade?

Será que é possível concretizar um projeto cultural onde uma comunidade ou uma coletividade possa responder e fomentar ações criativas nas quais confia?

Será que restringimos nossas reivindicações no campo das 

desigualdades culturais, aos bens de natureza material e esquecemos as necessidades de natureza imaterial - a garantia dos direitos de imaginar, sonhar, criar, multiplicar, festejar, dividir, conhecer, pertencer, compartilhar?

O despertar das reflexões acima sugere que esta livre iniciativa intenta provar sua boa razão e sua inocência, sublinhando que não se trata de filantropia ou sacrifício, tampouco uma busca de contribuições estéreis e sem intenções, mas sim um convite a criação de alianças, laços afetivos e cooperação.


"A Corrente do Bem é um movimento com a proposta de conscientizar as pessoas de que boas ações se fazem no dia a dia. Pode ser no quintal de casa, entre amigos, para desconhecidos que cruzam o seu caminho, no trabalho, na escola, na hora do almoço e até pela internet; é só fazer. São ações simples, que podem ser divertidas e rápidas: um carinho, uma gentileza de maior ou menor impacto na vida de uma pessoa.

O importante é perceber as pessoas ao nosso redor e, através de um gesto, fazer com que elas também reconheçam a existência do outro, gerando um fator multiplicador desse sentimento. É a sabedoria de entender que se buscamos a felicidade e o bem-estar social, temos que caminhar juntos. Meu índice de felicidade reduz quando o mundo a minha volta não está bem."




quinta-feira, 28 de abril de 2011


"(...) as pessoas desejam sim compartilhar, estimular o humanismo que a internet pode oferecer.
Existe uma revolução em curso, expressa, como diria Negroponte, por bits. Mas logo estes bits vão ultrapassar sua própria condição e hão de tornar-se saliva, esbravejos e diálogos. Já estão, ao vermos a resposta popular ao caso Bolsonaro, ao criticarmos por todos os cantos virtuais a equivocada condução do assunto Blog Bethania, no trabalho consolidado de organizações como a Avaaz.

E ao fim destes 53 dias, gosto cada vez mais de acreditar que vamos nos tornar seres transmedia, capazes de incendiar uma revolução a partir de kbytes, em forma de tweets e posts. Shares and likes. E pra quem diz que nos isolamos cada vez mais em frente a telas luminosas que calculam sonhos, convido-os a trespassar os limites do diálogo entre vida e interface. Participem, distribuam, compartilhem, e, ao final, observem o resultado.

É essa idéia de uma revolução digital que parece se desenhar, que pode libertar-se de suas amarras na web e manifestar-se no “mundo real”. Que deve expandir-se e incluir ao invés de excluir. Inclusão, seja ela digital, social, é a palavra de ordem. É uma revolução sem armas, pautada no afeto e desenvolvimento de discussões em foruns, threads, comunidades e facebooks. Estamos em uma era onde 1 andorinha pode sim fazer verão, desde que ela tenha acesso ao twitter. Mas não se esqueçam: nem tudo são bits (flores?), e é sempre bom encontrar os amigos, sair pra passear, conversar, olho no olho, o que foi discutido em ambientes virtuais. Enquanto ainda tivermos corpos, precisaremos de contato."





(...)

"Na minha opinião, essa troca de pequenas quantidades de dinheiro entre pessoas, seja bit coin, dollar ou qualquer outra moeda, é o que vai virar a mesa da produção criativa, que já existe hoje na internet na forma de blogs, músicos independentes, fanzines, enciclopédias, fotógrafos, etc. Com a troca p2p de dinheiro, essas pessoas realmente poderão ganhar a vida fazendo seu trabalho de forma totalmente independente, sem ter que recorrer a outros meios para monetizar sua produção – como publicidade ou acordo com grandes editoras.

Mas afinal, o que é Bit-coin? 

Bit coin é uma moeda digital p2p (peer to peer). Isto é, uma moeda (currency) que não depende de nenhum intermediário, como bancos. Toda transação é feita diretamente entre os pares.

Assim como no compartilhamento de arquivos p2p, que não depende de um servidor central, a rede é controlada por todos os pares. Cada transação entre duas pessoas é verificada por outros pares na rede.

E quem coloca mais moeda em circulação na rede? Os próprios pares. Como não há um servidor central cuidando de tudo, é essencial que os computadores de todas as pontas da rede trabalhem. Como forma de incentivar as pessas a cederem o processamento do seu computador e sua conexão a internet para trabalharem na manutenção da rede, as pessoas são recompensadas com bit-coins depois que seus computadores desenvolvem determinadas tarefas para a rede. (Existe um modelo matemático complexo e pensado a longo prazo que estipula quanta moeda será criada nos próximos anos, até chegar a um ponto de estabilidade.. para entender mais detalhes técnicos sugiro ler a FAQ e a Introdução ao BitCoin).

O que é importante entender é que é um modelo consistente de uma moeda totalmente descentralizada que garante total autonomia e privacidade as pessoas. Cada um faz o que quiser com seu dinheiro e é impossível rastrear quem tem quanto ou quem pagou quanto pra quem.

Assim como o p2p escancarou a crise entre artista e editora, e a necessidade de independência do primeiro em relação ao segundo, a rede também traz a tona uma necessidade de mudança no modelo financeiro. Por que, agora que o dinheiro é apenas informação, dependemos de bancos para realizar transações diretamente com outras pessoas? Porque financiamos lucros exorbitantes a essas instituições?

Eu não sei você, mas eu acho indecente, especialmente no Brasil, os lucros dos principais bancos.

O que o Bot-coin propões é: ao invés de confiarmos em grandes instituições e na polícia para tomarem conta dessas transações, vamos confiar em fórmulas matemáticas de criptografia. Como o código todo é aberto, todos podem estudá-lo e garantir que o sistema é neutro e seguro.

Não sei, e ninguém sabe, como será a evolução do bit-coin. Mas uma coisa eu tenho certeza, caminhamos para um mundo p2p, onde as pessoas terão autonomia de conversar e fazerem trocas diretamente umas com as outras, sem dependência de intermediários. Um modelo como o bit-coin aponta na direção certa. Se não ele, algo muito parecido com ele será nossa forma mais comum de fazer pagamentos no futuro."





A renda universal garante a liberdade para um trabalho imaterial - cuidados com o outro, produção artística, de softwares livres, doméstico, de ensino, de política, etc - terá uma gratificação material separada do capitalismo e do trabalho dependente.

A renda universal marca a importância das atividades não assalariadas nem dependentes. Desemprego não é igual a inatividade ou inutilidade. Para o capitalismo ele é garantia da possibilidade de explorar muito. A RMU garante um poder mínimo de negociação no campo do trabalho assalariado.

O trabalho imaterial, a riqueza social do líder comunitário, da mãe de família, da professora da creche da comunidade, do programador de softwares etc, não é mensurável e pode ser igualmente paga, criando um novo paradigma para o trabalho e para a inserção social.

A mão de obra não é mais necessária para a produção de valor, mas a produção de valor, feita por poucos tem total condições de sustentar a produção de valores simbólicos, afetivose não transformáveis em dinheiro.

"A renda universal nos libera de uma falsa idéia de um pleno emprego para a realidade dopleno emprego da vida" Laurent Guilloteau.

A renda mínima garantida visa liberar as vidas para atividades mais ricas e de maior valor social do que as que hoje o capitalismo propõe a uma boa parte da população.

Porque nas ruas do Brasil ou do México há o mesmo número de pessoas vendendo produtos chineses e produtos com açucar que pessoas indo de um lugar a outro.

A RMU só é possível porque o capitalismo se transformou. Se no fordismo a principais matérias primas eram raras - metais, força física, energias - no capitalismo cognitivo, a principal matéria prima é abundante e o seu consumo não há extingue, ao contrário, aumenta sua quantidade e potência - informação, criação, invenções subjetivas, de maneiraampla; o conhecimento.



















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